domingo, 11 de abril de 2010

O espartilho contemporâneo

Eu tinha na cabeça colocar algo sobre isso há tempo já, assim como uma série de tópicos que eu anotei em um bloco, quando não conseguia dormir com as idéias borbulhando na minha cabeça.

Então, depois do post sobre o filme da Chanel eu fiquei pensando e, ao comprar uma dessas bermudas que nos faz parecer pelo menos um manequim menor me dei conta: o espartilho não nos abandonou.

Depois de deixar de ser obrigatório no guarda-roupas feminino o espartilho firou objeto de fetiche, é inegavelmente uma peça sexy e que se utiliza apenas em algumas ocasiões. No dia-a-dia é difícil encontrar alguma moça, garota ou senhora fazendo uso da peça.

Mas não, ele não desapareceu, só se reinventou.

Tomou um design menos atraente do que o original e virou "calcinhas" (as aspas se devem ao tamanho das calcinas), cintas, colants e bermudas que apertam, levantam e "arrumam" o corpo feminino. Tudo isso como parte do nosso ideal de beleza, as moças belíssimas e com baixo nível de gordura corporal que deslfilam com uma desenvoltura invejável pelas passarelas (eu as chamo, carinhosamente, de raquíticas).

A nós, reles mortais que pecam na dieta e variam de manequim de tempos em tempos, resta prender a respiração, colocar a bermuda ou similar e vestir aquele vestidinho bandage, aquela blusa justinha ou qualquer outra peça que revele as saliências mais teimosas do corpo.

Isso me faz pensar como pode o tal século XXI, que diz trazer tantas inovações para a vida e rotina social, manter certas tradições tão antigas e primitivas... Nós, mulheres moderas, todas donas de seu próprio nariz, trabalhadoras, de posse de certa intelectualidade, que conquistamos tantos direitos ao longo dos tempos, permanecemos utilizando de tecnicas antiquadas para que possamos nos enquadrar em padrões irreais. Sim, pois sei que eu nunca terei o corpo de uma modelo. E sei também que poderia perder as gordurinhas que incomodam o suficiente para que eu queira escondê-las.. Enquanto não o faço, sigo com a bermuda.

Ps.: utilizo a peça somente ao vestir roupas bem específicas, na minha rotina prefiro respirar e me movimentar livremente.

Ps2.: Uma amiga me relatou que comprou um espartilho nos moldes antigos mesmo, não de usar por cima, mas de apertar o corpo e formar uma cinturinha mais fina. Interessante, não?

Elisa Casagrande

3 comentários:

  1. Acho que a partir do momento que o espartilho se torna algo "comum" novamente, cai toda a sua magia.

    Acho que é uma peça lindíssima, mas já vi usos muito inadequados. Ex.: espartilho com aqueles shorts "sociais" (que pra mim é uma contradição!) acho que fica muito feio. Isso se for usado no dia-a-dia, óbvio. Mas é uma caretice pessoal. Que fique claro.

    Belo post.

    ResponderExcluir
  2. a verdade é que o fato de se "libertar do espartilho" é apenas um laranja na história porque o real "espartilho" da vida está e sempre esteve na cabeça das pobres mulheres que mesmo com o passar dos anos não se esquecem da irritante mania de querer ser aquilo que nunca serão. não interessa como, sempre existirão novos tipos de "espartilhos". ótimo texto a la elisa.

    ResponderExcluir
  3. Verdade, mas li em algum lugar estes dias que, enquanto a busca interminável das é mulheres pelo utópico corpo de modelo, a dos rapazes, especialmente jovens, é pelo "tanquinho".

    Vivemos uma sociedade de objetivos de imagens inatingíveis..

    ResponderExcluir